Nude


Hoje sorri. Hoje sorri demasiado e senti-me como realmente sou.
Fartei-me daquelas roupas velhas, daqueles trapos que apenas nos tapam de um mundo único, que nos vendam a cara das melhores coisas da vida.
E sim, foi hoje: foi hoje que me despi, que corri nua por entre as pessoas, que captei - sem qualquer fronteiras de sedas - o que cada um dos seus gestos simboliza.


Abracei-as também nuas. Sorri-lhes também toda descoberta, dei-lhes a mão, tirei-lhes as lágrimas. Hoje senti-me assim, e fiz assim.
Para quê tanta cor, para quê tanto colar de orgulho, para quê tanto calçado de “piso-te ali, piso-te aqui, estás coladinha ao chão”? Não é preciso.
E este Natal, este Natal do frio… farei dele o Verão mais quente, e em vês da roupa que te enfio nos embrulhos, vou-te dar coisas que jamais conseguem ser embrulhadas.


A ti, e mais a ti, e a ti.


Vou despir todo o mundo,
e vou despir-me para todo o mundo.