Are you afraid?


Um dia sonhei que tudo ia acabar. Um dia, esse sonho atormentou-me realmente: não queria perder as mãos que me guiavam a cada passo dado, não queria perder a energia do meu olhar, nem tão pouco aquele que seria para sempre o meu único coração.

Ignorei cada uma dessas ideias abstractas… mas as pegadas começaram a ser incertas. Hoje sinto uma mão mais leve e questiono-me: ainda és tu? Ainda és tu que me seguras?


E espero a resposta: costumava ser rápida, quase sufocante, costumava deixar-me feliz perante aquela vibração de sentimento. Nesta noite, porém, sinto que essa voz já não me responde assim. Sopra fininho de vez em quando, é surdina pura e, como envelheço com rugas grossas a cada segundo que passa, acredito que talvez seja mais um problema de audição do que outra coisa… algo insignificante. Mas não é.


E a razão berra-me e berra-me: não ocultes os olhos com tiras de balões coloridos, mete palitos e sente a dor que espeta a barriga. E, de vez em quando, até tento lá pôr qualquer coisa, mas tenho gestos demasiado incertos comandados por este músculo do peito, e nada me sai em modo.
Então, conclui-o que talvez o tempo passe, que leve mais uma dúvida, que me traga mais uma flor no meio de um vento ameno, que me faça acreditar que a resposta não é, nem tem de ser, a dor.