Coisas da Minha Caixa Vermelha

 
Saliento, outra vez, que amo demais.
Acordo de peito descoberto de abraços, demasiado vazio de sorrisos. E começa a dor matinal, aquele "estar" tão desconfortável. Sinto, mesmo fisicamente e não só psicologicamente, aquele aperto cá dentro, o batimento acrescido, a necessidade de ter sentimento, de poder dar esse sentimento, de fazer aquela diferença. Agarro o peito, caio na cama redonda, quero levantar, sem asas cortadas de juízos humanos. Mas - mundo parvo, ó mundo parvo - nunca deixam sem a causa ter consequência. Então continuo, perseguindo o raio de luz que entra no quarto com o olhar, as partículas de pó dançando, o verde do mundo de fora, o escuro do mundo de dentro, fresco pela brisa, rolando ainda de braços em mim. «Acalma-te, acalma-te, tudo pode ser guardado aí dentro, bicho saltitante.» Mas guardar dói, quando o egoísmo é reduzido querendo dizer mais do que as palavras podem mudar, dar mais para fora do que deveria armazenar. Dói, e sinto muito.
E continuei rolando, até o céu azul me desconcentrar o suficiente para o aperto estabilizar.