Into the Fire


Ouve, por favor.


É bom sentir que, por mais abstracto que se mostre, o Mundo sorri-nos com as suas mãos cheias de gente. São peixes que passam frente à corrente que é a nossa vida. Nós, somos os pescadores. Apenas de nós vem a vontade de dar um passo em frente, abrir boca e coração e engolir multidões de cardumes. Ou então, se o Sol estiver tentador de mais, deixamos a corrente prosseguir, dizendo adeus a todos aqueles peixes que, segundos atrás, nos acenaram.
É engraçado, mas ser pescadora não me agrada. É atirar anzol, pescar peixe, e guardar fechado num aquário. Quase semelhante a ser médico: abrir ferida, curar, e fechar. Acaba o saramento, nunca mais vê o paciente. E isso, não me agrada mesmo. Deixem-me antes ser peixe, deixem-me antes entrar nessa água límpida, deixem-me revirar e cambalhotar de felicidade, rejuvenescer, caminhando de mãos dadas com o meu cardume... sempre.