Cai, Levanta, Cai, Levanta


Tens uma parede frente ao teu rosto: é a tua vida. Aos primeiros passos, novas tintas são misturadas, esborrachadas em cores diversas, em caminhos extensos. Se cais, toda a parede o sentirá... lá vem o primeiro risco.


De mãos mansas, ainda humildes, procuras o cimento ali ao lado, preparas com boa paciência e saras cada um dos pequenos pedaços de parede já caídos: e lá fica ela, pronta e sorridente. Irá sempre faltar a tinta, mesmo que o curativo seja muito bom - afinal cimento é cimento, cinzento e monótono, insosso de sabor - e, é sim, aí que as dores que chamamos "eternas" se encontram. Quando perdemos a nossa flor, como a recuperar? Talvez, a possibilidade de um "nunca" seja pesada demais para nos colar a um chão, prender as mãos e impedir o a nossa consciência de procurar novos corações com os quais pintar...


(Mas se não temos mãos, temos pés. Se não temos pés, temos boca. Se não temos boca, temos olhos. É um ciclo não redondo, é um ciclo bem recto cuja saída é tomada por quem mais procura a cor.)