Cacofonias de Relações


 Todos sabemos o quanto o amor se cinge a uma única pessoa especial no Mundo: nas borboletagens do nosso coração, acalmamos os sentimentos pelos amigos e apenas nos aparecem setas luminosas a apontar para "aquele".



É verdade, mesmo que nos custe a crer, que o amor tem destas coisas - mas não é algo negativo: efectivamente, tal acentua a importância que damos a cada elemento do par amoroso e isso é das melhores coisas do Mundo: amamos ser amados, e amamos quem nos ama. Os arco-íris formam-se, os sorrisos desabrocham, os beijos culminam com aquele felicidade frenética e crescente do amor!

Eu sou uma apaixonada, quiçá eterna, e agradeço a todas as forças superiores e hormonas intervenientes por tais coisas, mas existe algo que me começa a preocupar um bocadinho, assim um bocadinho que pode crescer para um pedação.
Vivemos numa sociedade em que, apesar das confianças supra-naturais na nossa paixão, os ciúmes existem: vemos uma rapariga sorridente, a abraça-lo, a reviver histórias passadas e enche-se logo o nosso estômago de apertados nós e des-nós. Por mais calmos que sejamos, tal situação mexe sempre um pouquinho que seja. E depois se vem mais um abraço, um piscar de olhos, e... arg!, que raios partam, mas apetece lançar raios pelos olhos, nem que seja só para acalmar os ânimos.

Porém, o mais preocupante é que esta sociedade supra referida está em metamorfose: sou totalmente a favor de relações homossexuais de puros sentimentos mas, simplesmente, não quero imaginar um mundo em que os ciúmes também reinam sobre pessoal do mesmo sexo. Tudo bem que vivemos habituadíssimos a essa sensação anteriormente referida de "nós e des-nós" no estómago quando existem relações próximas entre o nosso parceiro e outrem (desconhecido, ou por vezes até conhecido) de sexo oposto. Mas... imaginar um início de namoro com compromisso de clarear e inibir abraços mais sentidos entre rapazes de longa data ou impedir em parte aqueles "dares de mãos" e conversas longas e solitárias e sentimentais e tudo o resto entre duas raparigas?

Desejo sinceramente que tal não aconteça futuramente: que se estabeleça um novo valor, que a chegada do Apocalipse de 2012 mude muitas mentalidades para a reafirmação de confianças, da lealdade e inibição desta palavra ciúme para um estado mais reduzido.

Afinal, o Homem, pelo que aprendi em mais de 17 anos da minha existência, tem necessidades sociais. Não somos canários presos, solitários, que perdem o pio até à sua morte. Somos antes gaivotas, andantes de grupos.